Diário
Arte e Arte Final by Lustato Tenterrara
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Tati Bernardi: Saudade de Você |
Antero Vaz de Andrade: Considerações Acerca da Saudade,
e do que Existe do Outro Lado do Rio
Saudade de Você
&
Considerações Acerca da Saudade,
e do que Existe do Outro Lado do Rio
Marina D'Órleans e Bragança
A Princesa do Brasil, se não fosse essa República Escrota que só sabe corromper
Imagem: http://deusasdaweb.blogspot.com
Saudade de Você
(Tati Bernardi)
"Às vezes
tenho saudade de você.
Você é o que me resta de vontade
de ter alguém."
(Tati Bernardi)
Taí...
Taí a prova de que o tema saudade é sempre presente. Atual.
E às vezes bate na gente, mesmo quando já temos alguém ao nosso lado.
Porque "estar ao nosso lado" não significa, necessariamente, estar conosco.
Às vezes é apenas cqço, apenas!
Também temos uma saudade assim.
Beijo, Princesa Tati!
Nossas reverências, Princesa Marina D'Orleans e Bragança (Princesa do Império e do Reino do Brasil).
Lustato Tenterrara
Essa saudade de alguém,
que fática e fundamentadamente
se nos apresenta como o único motivo
de ainda poder esperar-se ter alguém neste mundo, nesta multidão.
É nosso último refúgio.
Nossa última trincheira!
Como se fosse, na multidão, da Lista de Shindler,
aquela que passa, lá longe, única, com um sobretudo vermelho
em meio a todos os outros cinzas,
e que se apresenta como uma distância invencível.
Invencível porque o espaço-tempo tem uma fronteira.
E é uma fronteira onde, a cada passo e minuto,
já não nos é possível retornar.
Sei. Tem aquela belíssima frase
que diz que não podemos mudar o passado
de nossas vidas, de nossos atos;
mas que podemos mudar o nosso futuro,
mudar o final da história.
Porque a história é nossa.
Bonita frase!
Mas pouco importa
qual será o final de nossa história,
se nossa história já se perdeu
no vácuo do espaço-tempo.
Um novo final?
Com quem?
Para quê?
Resignamo-nos na saudade.
É bom ter saudade.
Significa que alguma coisa de bom existiu em nossa vida.
Agora somente resta a Travessia.
A ponte está próxima. Do outro lado do rio vejo alguns amigos de infância, brincando de jogar bola nas areias das coroas(¹) do rio. Olham para mim, como se não estivessem vendo ninguém.
Ao iniciar a travessia da ponte posso ver, também, meu avô, numa
cadeira de balanço. Masca algo na boca. Olha para mim, nos olhos. E
vejo o quanto seus olhos são azuis-claro. Vovó pega em sua mão e
levantam-se, vindo em minha direção.
Meus pensamentos esquecem tudo o que ficou para trás.
Agora, uma felicidade invencível apresenta-se:
Finalmente retorno ao único lugar
onde fui, verdadeiramente, feliz.
Retorno à minha infância.
Vovó pergunta-me se quero um copo de mungunzá(²);
Vovô me pega pelo braço, e me leva, às cinco da manhã,
à pracinha do mercado, onde me compra
alguns bolos de goma, em formato de pulseiras,
que vou colocando no braço. Uma, duas, três...
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